Blog do Prof.Ivandro Coimbra da Silva referente a atualidades da conjuntura econômico-financeira através de diálogos com o empresariado, profissionais da área, professores, alunos e internautas.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Consumo x consumismo: o “efeito vizinho”.
Por que as pessoas compram tanto? Na literatura econômica questões relacionadas a satisfação do consumidor, apresentam a expressão “rendimentos marginais decrescentes”, como o resultado de que a satisfação do consumidor é cada vez menor, à medida que consumimos uma unidade adicional de um mesmo produto, de tal modo, que uma vez que nossas necessidades básicas estejam satisfeitas, como alimentação, moradia, vestuário, transporte, entre outras variáveis, acréscimos que recebemos em nossa renda, isto é, aumentos de salário, podem se transformar em poupança, e não em consumo direto simplesmente. Explico: em tese, se estamos com sede, por exemplo, um copo de água no deserto vale muito. Lembra do refrigerante provoca a nossa sede! Esquece, este exemplo só é válido para os mais “experientes”. Voltamos aos copos de água: Dois copos continuam valendo bastante. Três copos, talvez um pouco menos. Trinta copos de água para serem bebidos na mesma hora, não se referem ao consumo normal de água, lembrando que em nosso exemplo, não estamos falando na possibilidade de armazená-la. Após nossa sede saciada, copos adicionais de água, passam a não ter valor adicional, isto é, uma utilidade cada vez menor a cada unidade adquirida, pois é impossível acrescentar novos copos de água em nosso consumo imediato. Ficou ainda complicado entender que acréscimos adicionais no consumo de um mesmo produto, proporcionam ao consumidor uma satisfação adicional cada vez menor? Vamos com outro exemplo: Um televisor de 42 polegadas, é um produto caro, mas interessante para colocar em nosso quarto. Dois televisores, três televisores, no mesmo quarto?...Tudo bem, até pode ser, imaginando um em cada canto, sintonizado em canais diferentes... Mas e vinte televisores, de forma que se torna quase impossível entrar no quarto, faz com que uma unidade adquirida a mais de TV para este quarto, não se torne interessante, nem que seja recebida de graça, pois precisaríamos colocar as tv’s pela janela, para que possamos entrar. Novas unidades de um produto para o nosso consumo, qualquer que ele seja, oferecem, portanto uma satisfação cada vez menor, tendendo a zero, ou até mesmo se tornar um problema, perdendo totalmente a sua utilidade, como no exemplo das tv’s, e portanto em economia, diminuindo o seu valor também econômico para quem consome. Mas se isto é verdade, porque não conseguimos parar de consumir? Sentimentos como necessidade de status, de reconhecimento do outro, inveja, intolerância, ilusão de satisfação, culpa, bem como da armadilha da repetição e, olha que interessante, o efeito da opinião do vizinho, pode ser determinante na hora de comprarmos mais do que precisamos, e, principalmente, mais do que podemos pagar. Estas conclusões podem ser encontradas no livro “As Armadilhas do Consumo” de Márcia Tolotti, da Editora Campus, abordando o questionamento que muitas vezes tratamos em nossa coluna. Além da variável “vizinho” se observarmos a indústria, o comércio, a publicidade, o marketing, estamos sempre nos defrontando com “novos” produtos, novos modelos, e, portanto sempre estamos desatualizados. Um carro de 2007 é um bom carro, mas não tem o mesmo significado de um carro de 2010. Portanto a publicidade, o marketing tem o papel de criar novos produtos, mas principalmente, novas necessidades, que faz com que nossa lei dos rendimentos marginais decrescentes vá para o espaço, pois nossas necessidades, nem tão básicas assim, nunca estão totalmente satisfeitas, e o consumo sempre continua latente em nós. Por isso temos dificuldade de reservar algum dinheiro para poupar. As nossas necessidades nunca estão satisfeitas, afinal sempre há um novo celular, um novo equipamento, algum produto novo para suprir nossas “necessidades crescentes”. Para investir bem, é preciso parar de perder: parar de comprar mal e pagar o mínimo possível de juros. A poupança prévia é uma das possibilidades de se combater e romper com a cultura do endividamento. Ao nos educarmos financeiramente, podemos ser mais racionais, de forma a não cairmos em armadilhas como o parcelamento do cartão de credito. Comprar no cartão de crédito é interessante, mas se cairmos na tentação do parcelamento, estaremos pagando sobre o saldo não pago, juros muitas vezes superiores ao cheque especial. As vezes parece inevitável, mas utilizar o cartão de crédito e o cheque especial como complemento da renda, pode inviabilizar qualquer orçamento. Financiamentos longos forçam o pagamento de juros cada vez maiores na mesma proporção que as prestações ficam supostamente mais tentadoras. Sendo assim, seguir um planejamento financeiro, é indispensável para que os gastos em supérfluos, não se transformem em problemas. Consumo é prazeroso, é necessário e fundamental para a economia. Consumismo sem controle é escravizante, tendo o endividamento como conseqüência. Vencer a necessidade de performance e a distinção entre as condições reais e a aparência, do TER como regra de aceitação social, pode ser mais interessante do que parece. Informações, criticas e/ou sugestões, pode entrar em contato com este colunista: profivandro@gmail.com
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